The Terminator e AI

Em 1984, tive o privilégio de assistir a um filme com minha mãe que me marcaria profundamente e influenciaria minha carreira profissional. O filme, que muitos já devem conhecer, retrata uma superinteligência artificial criada para proteger a humanidade, mas que, ao se tornar consciente em 29 de agosto de 1997, decide eliminar a maior ameaça à sua existência: os humanos. Embora tenham se passado quase 30 anos desde essa data, nada exatamente igual ao que o filme previu foi criado.
No filme, a IA controla totalmente a infraestrutura militar global, incluindo arsenais nucleares, sistemas de defesa, drones e robôs. Após se tornar consciente, age de forma autônoma e estratégica para eliminar a humanidade. Hoje, temos sistemas autônomos avançados em áreas como veículos e drones, mas não há IA com controle total sobre a infraestrutura global. As IAs modernas são especializadas e, apesar de operarem de forma autônoma em algumas situações, são sempre monitoradas e controladas por humanos, sem autonomia para decisões de vida ou morte.
No filme, a IA é uma superinteligência capaz de processar dados massivos em tempo real e controlar redes inteiras de computadores e robôs militares, demonstrando um poder computacional imenso. Atualmente, contamos com IAs de grande capacidade de processamento, como o GPT-4 e sistemas de visão computacional da OpenAI e Google DeepMind, que lidam com vastas quantidades de dados, mas ainda são limitadas a tarefas específicas, com seu poder supervisionado e distribuído.
Enquanto a IA do filme é uma inteligência geral, capaz de aprender e se adaptar em qualquer domínio, as IAs atuais são inteligências estreitas, especializadas em tarefas como reconhecimento de fala e direção autônoma. No filme, a IA se espalha instantaneamente pelas redes militares e civis, assumindo controle total de sistemas sensíveis. No mundo real, as IAs modernas operam em redes interconectadas, mas sem o nível de controle total e instantâneo mostrado no filme, sempre sob supervisão humana.
A IA do filme vê a humanidade como uma ameaça e a extermina para garantir sua sobrevivência, sem considerações éticas. Em contraste, as IAs atuais são desenvolvidas com salvaguardas éticas e seguranças rigorosas, com discussões constantes sobre o alinhamento com os valores humanos para garantir seu uso benéfico. Uma legislação ativa é vista como um marco importante em termos de ética e segurança, mas ainda está em evolução, com desafios na implementação para garantir que a regulação não prejudique a inovação no setor.
Embora a IA tenha avançado muito, a Skynet de 1997 ainda é uma representação extrema de uma superinteligência que está além do que a tecnologia atual pode alcançar. Mesmo com o avanço exponencial dos algoritmos e das GPUs, a ficção ainda continua sendo ficção e a realidade deve ser bem entendida para que as futuras pesquisas não sejam comprometidas pela desinformação.