𝗩𝗲𝗿𝗱𝗮𝗱𝗲𝘀 𝗲 𝗠𝗶𝘁𝗼𝘀 𝘀𝗼𝗯𝗿𝗲 𝗮 𝗜𝗔 – 𝗩𝗮𝗹𝗲 𝗮𝗰𝗿𝗲𝗱𝗶𝘁𝗮𝗿 𝗲𝗺 𝘁𝘂𝗱𝗼 𝗾𝘂𝗲 𝗹𝗲𝗺𝗼𝘀?

January 8, 2025
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Neste post, quero abordar como alguns meios de comunicação têm tratado o tema da Inteligência Artificial. O assunto está, sem dúvida, conquistando o imaginário popular, despertando tanto maravilhamento quanto, por vezes, temor diante do que essas tecnologias são capazes de realizar.

No entanto, algo que chama a atenção é a quantidade de artigos e reportagens publicadas sem qualquer embasamento técnico, frequentemente baseadas em fontes duvidosas ou não verificadas. Recentemente, me deparei com um artigo afirmando que o “𝗖𝗵𝗮𝘁𝗚𝗣𝗧 𝟬𝟭 𝘁𝗲𝗻𝘁𝗼𝘂 𝘀𝗲𝗰𝗿𝗲𝘁𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗲 𝘀𝗲 𝗽𝗿𝗲𝘀𝗲𝗿𝘃𝗮𝗿” 𝗮𝗼 “𝗱𝗲𝘀𝗰𝗼𝗯𝗿𝗶𝗿” 𝘀𝗶𝗻𝗮𝗶𝘀 𝗱𝗲 𝗾𝘂𝗲 𝘀𝗲𝗿𝗶𝗮 𝗱𝗲𝘀𝗹𝗶𝗴𝗮𝗱𝗼. Intrigado, fui em busca das fontes citadas, apenas para descobrir que eram tão questionáveis quanto o próprio título da matéria, chegando ao ponto de mencionar “relatórios secretos” para corroborar a alegação.

Esse tipo de sensacionalismo é, infelizmente, comum em uma parcela de criadores de conteúdo cujo objetivo principal é atrair atenção, mesmo que isso implique em deturpar os fatos. Em posts anteriores, fiz comparações entre ficção e realidade para demonstrar que, embora surpreendentes, essas tecnologias ainda têm limitações claras. É importante lembrar que, apesar dos avanços, os algoritmos fundamentais continuam baseados em princípios estabelecidos há décadas.

Sobre a manchete em questão, basta entender o funcionamento do ChatGPT e de outras LLMs para perceber a falta de fundamento da afirmação. Esses modelos são projetados para gerar artefatos como textos, imagens e sons, com base em grandes volumes de dados usados para treinar suas redes neurais. Eles não possuem algoritmos que lhes permitam tomar decisões fora do que foram programados para fazer, muito menos têm acesso a funções do sistema operacional ou do hardware, como o botão de liga e desliga, além de não possuírem sentimentos para “acreditar que seria desligado”, e sendo ainda mais técnico, capacidade de tomar a decisão de recompilar seu próprio código fonte e realizar um novo hot deploy sobre si mesmo. Isso é tão absurdo quanto dizer que subi um LLama no meu computador e ele assumiu o Windows do meu notebook!

Além disso, a ideia de que uma LLM “confrontou o desenvolvedor” revela uma total falta de compreensão sobre os processos de Machine Learning e Deep Learning, que envolvem equipes inteiras de especialistas em diferentes áreas.

Enquanto técnicos, temos a responsabilidade de entender como as LLMs funcionam, reconhecer suas limitações, como as “alucinações”, e aplicar a tecnologia de forma responsável. Nosso papel é desmistificar a IA e evitar que especulações infundadas criem expectativas irreais ou medos desnecessários. Afinal, embora o futuro da IA seja promissor, ainda estamos longe de algumas das fantasias promovidas por manchetes sensacionalistas.